AO SOM DAS CASTANHOLAS
Marlene Constantino
Vestiu meu corpo
com o negro das suas pupilas.
Atraída por seu vinho,
mergulhei em águas turvas...
E, quanto mais
eu me afogava em seu olhar,
mais me misturava com o sangue impuro.
Arraigada em sua bela prosa,
sentia ser
a própria senhora Emoção...
E ele, o dono do meu coração.
Me enfeitiçou,
ele me conquistou.
Quanto mais me olhava,
mais me fazia lamber, em cálices,
o doce veneno do prazer.
Homem dos mil e um pecados,
invadiu-me...
Numa saga louca, despiu-me...
Tocou-me...
Embriagada, quase cega,
dancei ao ritmo do seu frisson.
Nem me dei conta
de ser mais uma a cair nas artimanhas
do universo-paixão.