INTROSPECÇÃO
Marlene Constantino -^A^¤ Söl*®
Consigo ler, no brilho dos teus olhos,
tudo o que o silêncio cala,
mas que o peito grita em segredo —
um desejo quieto, quase sagrado.
Teu olhar é poema inacabado,
bordado de promessas não ditas,
à espera do instante exato
em que a alma decide se revelar.
Amar é fiar versos com as mãos,
tocando a pele do tempo
com delicadeza de quem sabe:
não há fim, nem dor, nem cruz
quando o amor é puro.
É na suavidade do toque,
na vastidão do silêncio a dois,
que o eterno se desenha.
Talvez o que vejo em você
não seja mais do que o reflexo
daquilo que vibra em mim:
nos meus olhos —
no compasso do meu coração —
quando você mora dentro dele.